quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Rumo à Capanema

Dona Luiza mora em Capanema uma cidade de 65mil habitantes, a 170km de Belém, na última terça foi aniversário da irmã de Alana, lá em Capanema, com direito a muita comida e muito aprendizado com a Dona Luiza. Fui de Belém até Capanema com a Alana e a saga gastronômica começou já na estrada

Farofa de charque e bolo de milho, numa barraquinha que segundo a Alana valeria a pena perder alguns minutos fazendo o retorno. Valeu, um pratinho cheio de farofa de charque por 3 reais e o pedaço de bolo por 1 real, a farofa bem “adubada” com charque e frita na manteiga, muito gostosa, apesar de o bolo não estar lá aquelas coisas, as garrafas penduradas de pimenta no tucupi, a farinha de tapioca e as cadeirinhas a beira da estrada também fizeram valer a parada.
Agora o verdadeiro motivo da minha viagem, a maniçoba. Maniçoba é um prato típico paraense feito com as folhas da maniva (mandioca brava) moídas e cozidas por 7 dias, porque crua ela contém o acido cianídrico, que é tóxico, e só deixa de fazer mal depois de 7dias de cocção. Depois se adiciona carne de porco (muita carne) e cozinha mais, para parte da carne se dissolver na mistura, mas ainda sobram alguns pedaços inteiros, lembra um pouco a feijoada, por causa da cor escura, da carne de porco e pelo ar de festa, já que não se come nem feijoada nem maniçoba todos os dias.  Os paraenses amam, com algumas exceções, claro, mas quem gosta diz que a maniçoba da Dona Luiza é uma das melhores! E eu leiga no assunto de maniçobas adorei! Ela comprou maniva pré-cozida, então cozinhou só 3 dias (se é que 3 dias é pouca coisa), o que não desmerece todo o trabalho de cuidar, cozinhar e temperar quase 15 quilos de maniçoba. Por ser trabalhosa ela faz em grande quantidade e e as pessoas já ficam em cima, que se sobrar querem levar um pouquinho.
O aniversário teve muita comida, e comida boa! Dona Luiza fez questão de cozinhar tudo junto com a aniversariante Aline. Ai vai o cardápio: carne de caranguejo refogada, lasanha de frango, arroz branco, strogonoff de camarão, Filet com molho madeira, batata palha, maniçoba e por último, mas não menos importante farofa! Além de bolo, creme de limão e de sonho de valsa e vários docinhos. Elas vêm preparando esse aniversário há algum tempo, comprando ingredientes há mais de 2 meses e foram quase 4 dias de preparo, desde enrolar docinhos até cozinhar o camarão do strogonoff, a única coisa que elas não fizeram foi a batata palha, porque até a farofa foi temperada lá mesmo.

A festa foi bonita, a comida farta e gostosa, por enquanto o Pará só mostrou a riqueza da culinária e do povo, mas ai vão alguns hábitos diferentes dos paulistas, mas não ruins. Os salgadinhos foram servidos no começo junto com os docinhos, e os convidados comeram salgadinhos e docinhos juntos, eu comi também, porque afinal quem vai reclamar de não ter que esperar até o Parabéns para comer os docinhos. Depois que todos chegaram canta-se os parabéns, com vela em cima do bolo e tudo, e então é servida a comida, só depois dos parabéns. E no final da festa o pessoal leva a comida que sobrou, não só docinhos, levam maniçoba, carne e o que tiver na mesa, a Alana disse que foi a mãe dela que acostumou mal os convidados, que nem sempre é assim.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bem vindos ao Pará!

Logo no avião já se nota a diferença que existe entre os paulistas e os paraenses, vivendo no mesmo Brasil mas ainda assim, muito diferentes. O avião fez escala em Brasília e faltou assento para alguns passageiros, e logo alguém diz "pendure uma rede!", obviamente um paraense caloroso dizendo que sempre cabe mais um, mas da sua maneira. Chegando a Belém fui muito bem recebida com abraços pela mãe da amiga da amiga da minha mãe, entendeu? Bom, se fosse em São Paulo receberia um beijinho, um, não dois como aqui, e um sorriso.
A amiga da amiga da minha mãe, Alana, e sua mãe Luiza, me esperavam para almoçar. Aqui eles são bons de boca, comem muito, e eu como uma boa paulista como o suficiente, conclusão, além de engordar quase me mataram pela boca durante uma semana com café da manhã e lanchinhos sempre com 2 pães, e muito arroz feijão e muita farinha, e de vez em quando uma banana para acompanhar. Ainda não vi, mas dizem no que no interior não se come sem açaí, sim a comida salgada com açaí! Mas o açaí daqui não é como os paulistas comem, aqui é açaí de verdade, o que a gente come em São Paulo é 1/4 de açaí com 1/4 de guaraná e o resto de água. Bom é açaí com farinha de tapioca! Parecem umas pipoquinhas, mas com gosto de tapioca, uma delícia.
Nessa vida de comilança, que afinal foi o que vim fazer, aprendi alguma palavras diferentes mas de comidas iguais, como assim?  Assim; Jerimum é abóbora que aqui fica ótima no feijão e o pessoal adora; Pimentinha é uma pimenta de cheiro típica daqui, não arde é saborosa e Dona Luiza adora colocar em tudo, até no Feijão. E algumas palavras iguais de comidas diferentes, não acreditem que farinha para comer com a comida seja mesmo a farinha que você está pensando, porque existem centenas de farinhas, de milho, mandioca, tapioca e todas elas são chamadas só de farinhas... Daria para fazer um livro de farinhas, se é que já não existe.

Eu, Dona Luiza e Alana.